Já foi tempo demais. Ela gastou cada energia de seu corpo, alma e coração... Energia refletida em ações. Ações não retribuídas, ações não valorizadas, ações nulas. Quanto tempo - ela se perguntava - vou suportar? Quanto tempo, mais um questionamento, minha sanidade agüenta? Não, ela não agüenta. Uma luta não é feita de um componente, e nesse caso, a luta deveria ser de dois e não foi. Era a primeira vez que a menina desistia de algo. Ela é forte, decidida, guerreira e sonhadora. Sua força é física e a emocional teve que aprender na marra... Agora, mais uma descoberta: aprendeu também a respeitar seus limites. Lutar em conjunto pela mesma causa é uma coisa, lutar sozinha é outra completamente diferente. Ela desrespeitou seus limites, seus valores, seu amor próprio. Ela errou. E o erro consigo foi maior que qualquer outro cometido. É hora de mudar. Mudar pra onde? Ela perguntava... E aos poucos entendia que a mudança não era de localidade. A mudança vinha dela: energia, pensamentos e por fim, ações. Novas ações. Essas guiadas pelo respeito e amor, não pelos outros, mas simplesmente por ela. É hora de se amar. A menina começava enfim uma nova jornada, agora com ela mesma. E sua companhia bastava.
Recomeço
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sexta-feira, 9 de abril de 2010
Algo estava diferente. Dois anos se passaram e a menina de olhos que transbordavam continuava a sentir. Sentia, não menos que antes, mas sentia diferente. Estava, enfim, lidando com o que mais temia: dor. Engraçadas as contradições da vida: a resistência que tinha à dor física era praticamente nula ao se tratar do verme que corrói a alma. Ela descobria que o que sentia dentro de si era refletido em dor física também, mas essa era nova, diferente, e estava apenas começando a lidar. Mais uma vez: engraçadas as contradições da vida. A garota chegava a tantas conclusões tristes, mas que de tão tristes a fizeram sorrir. Não um sorriso falso, mas sim um puro e verdadeiro, pois, finalmente, passava a enxergar o que fingia que não existia. Existia dor, solidão, frustração, decepção. Repetição: engraçadas as contradições da vida. Tantas conclusões negativas, de maneira súbita, inexplicável e encantadora se revertiam em suspiros aliviados. A menina era puro alívio. Alívio por saber que de tudo vivido há sempre um aprendizado, um fim e um recomeço. Alegria por finalmente entender o que a fazia sofrer e por escolher dar um basta nisso. Talvez, pela primeira vez em sua curta jornada, a menina agiu. Ela aprendeu que a vida é feita de escolhas, que escolher nem sempre é tão fácil quanto parece e que muitas vezes, teria que escolher o que não queria a princípio. Ela escolheu, sofreu, chorou, mudou e principalmente: lidou. Encarou o que não queria e achou graça nas contradições da vida: o que não queria era o que mais precisava. Sorria, e sentia aquela alegria melancólica de quem estava apenas começando a viver.
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